Num mundo consumista e materialista como este, nada melhor que uma repensada na vida familiar, no amor e nas finanças, uma vez que tudo está inter relacionado e quando uma destas questões não vai bem ,ou não há um consenso, corre-se o risco de todo o resto também não dar certo. e haver uma quebra na harmonia familiar.
Sylvia Maria
Ótimo este artigo da Mikaella Campos
Os segredos dos casais felizes no amor e no dinheiro
Cumplicidade e transparência na hora de equilibrar as contas estreitam os laços dos casais, inibem conflitos e ajudam a realizar sonhos
MIKAELLA CAMPOS |
Quando as finanças estão em jogo, casais harmoniosos substituem as juras de amor por críticas capazes de provocar um abalo irreversível na relação. São felizes até que o dinheiro os separe.
Foto: Carlos Alberto Silva
![Carlos Alberto Silva Carlos Alberto Silva](http://midias.gazetaonline.com.br/_midias/jpg/2013/12/07/ana_paula1_min_aaae-1112879.jpg)
Fábio é administrador de empresas e, todo mês, faz um levantamento dos gastos da casa. Anna Paula é contadora e fica responsável em pagar as contas
O culpado por esse conflito é o desalinhamento entre os companheiros. Há muitos casais que preferem não colocar “as cartas sobre a mesa”. Sem clareza, entregam-se a comportamentos que podem culminar em um divórcio.
Há pessoas que escondem do parceiro dívidas, como empréstimos, débitos nos cartões de crédito, omitem compras realizadas e têm vergonha de contar ao cônjuge o descontrole das finanças.
Em algumas famílias, enquanto um assume a maior parte das despesas da casa, o outro não se importa em partilhar as preocupações. A situação fica ainda pior quando um membro da família se dedica a poupar e o outro apenas a gastar.
Esses casos são exemplos de como a ausência de transparência ao lidar com o dinheiro é um vilão cruel, capaz de transformar um casamento cheio de amor em território de guerra.
Foto: Ricardo Medeiros
![Ricardo Medeiros Ricardo Medeiros](http://midias.gazetaonline.com.br/_midias/jpg/2013/12/07/cristina1_min_aae-1112887.jpg)
Cristina e Marcelo sempre conversam e decidem juntos as compras e investimentos que realizam
A busca por esse equilíbrio entre as opiniões é a saída para um casamento saudável e para uma relação duradoura, segundo o professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas e consultor financeiro Miguel Leão Borges.
“Temos dois sistemas. Um automático e outro reflexivo. É preciso que os dois estejam em equilíbrio. No casamento, as características de cada pessoa também devem estar em simetria. Um casal desalinhado tem objetivos de consumo diferentes. Um bom relacionamento depende de um gerenciamento dos recursos da família bem distribuídos”, diz.
Com uma união de 11 anos, Anna Paula Martins, 32 anos, e Fábio Fundão, 37 anos, dedicam-se, há pelos menos 10 anos, à tarefa árdua de gerenciar a vida financeira da família.
Fábio é administrador de empresas. Todo mês, ele faz um levantamento dos gastos da casa e produz um relatório com a receita e as despesas. Anna Paula é contadora e fica responsável em pagar as contas.
“Somos sócios de nossa empresa, que é a nossa família. Tudo começa com um bom planejamento. Temos que traçar uma diretriz do que queremos alcançar”, diz Fábio.
Eles, apesar de terem conta-corrente separada, dividem as senhas e conferem até o extrato bancário um do outro. Essa afinidade financeira nem sempre foi assim no dia a dia do casal. No primeiro ano de casamento, Anna Paula e Fábio, como não se organizavam financeiramente, acabavam brigando.
“Eu sempre comprava algo além do meu orçamento. Os gastos não era só comigo, mas também com a casa. Sempre estava sem dinheiro. Eu ficava bem desconfortável em pedir ajuda para ele”, diz ela.
Cartas na mesa
Para dar um fim aos conflitos, o casal resolveu balancear os gastos e estipular um percentual do salário que cada um teria que disponibilizar para cobrir o orçamento mensal.
“Dividimos os gastos de uma forma que nós dois tenhamos o mesmo percentual do salário economizado. Assim, garantimos nossa liberdade para realizar nossas vontades pessoais”, acrescenta Anna.
As estratégias financeiras do casal dão tão certo que são ensinadas para a filha Amanda, de 7 anos. A menina tem vários cofrinhos e é incentivada a poupar para conquistar alguns desejos.
Entre os cofrinhos está um porquinho bastante importante para toda a família. “Quando fica cheio, ele desaparece. É o dia mais feliz da casa, pois ao voltar, ele traz um presente para Amanda. Essa brincadeira foi uma forma que encontramos de mostrar para nossa filha e que é preciso trabalhar muito para conquistar nossos sonhos”, conta Anna Paula.
Novo rumo
O publicitário Marcelo Braga há mais de dois anos transformou a vida financeira da sua família. Com o conhecimento que adquiriu em gestão do lar, agora ele ajuda outros casais a construir um futuro próspero, longe do endividamento.
Marcelo já faz palestras em todo o país mostrando as atitudes que tem colocado em prática em sua casa. “A questão financeira é a segunda maior causa de separação no país. Por isso, é importante ter sempre um diálogo aberto sobre dinheiro para evitar conflitos”.
Em família, ele explica que, além de uma conversa franca sobre dinheiro, que envolve até o pequeno João Henrique, de dois anos e oito meses, há a delimitação de sonhos individuais e coletivos. “Ninguém deve se dedicar a realizar apenas os sonhos do cônjuge. Isso causa frustração. É preciso que todos tenham planos”.
Ele tenta compartilhar desejos e ambições com a esposa, Cristina Braga, traçando metas de e longo prazos e estudando também os gastos.
Todas as compras são pensadas. Antes de fazer o investimento, principalmente se este for alto, a família conversa e verifica se a mercadoria a ser consumida realmente é importante naquele momento.
Cristina conta que quando Marcelo começou a fazer o controle financeiro da casa, ela foi um pouco resistente. “Eu era mais organizada e menos consumista que Marcelo. Mas ele mudou e começou a me pressionar a participar dessa gestão financeira. Descobri que gastava dinheiro em coisas que não tinha nem noção. Agora, estamos há um ano e meio sem usar cartão de crédito, por exemplo. Só gastamos quando realmente temos dinheiro”.
Ela revela ainda que todo esse planejamento foi bom para o relacionamento e para que a família encontrasse um foco.
Em novembro passado, Marcelo e Cristina levaram João Henrique para ver o Papai Noel no Sul do país. A viagem foi feita com muita programação financeira.
“Estávamos numa padaria, e João Henrique pediu bala. Falei que ia deixar para comprar no supermercado, pois era mais barato. Ele chorou no início, mas depois entendeu. Quando cheguei em casa, coloquei algumas moedinhas no cofrinho dele e disse que o dinheiro economizado seria para visitar o Papai Noel. Dias depois, ele pediu minha esposa para comprar uma bala para ele. Ela respondeu: ‘pode deixar. Vou passar na padaria para comprar’. O interessante é que João Henrique falou para a mãe: ‘na padaria é caro, tem que comprar no supermercado’. Foi emocionante”, afirma Marcelo.
Veja as dicas
1 Alinhe a sua mente. Um dos principais problemas financeiros das famílias está relacionado ao desalinhamento individual. Num primeiro momento, é importante que cada pessoa da família tente equilibrar o lado automático com o reflexivo. O automático é uma característica que leva consumidores a gastarem por impulso, por exemplo. Já o reflexivo é o que segura gastos desnecessários e motiva as pessoas a pensarem antes de agir.
2 Calibre a relação. Depois de cada um da família ter esses sentimentos equilibrados, é hora de calibrar a relação e deixá-la alinhada também. Isso significa entrar num acordo sobre como serão gerenciadas as finanças, definindo as decisões a serem tomadas em conjunto e traçando objetivos em comum.
3 Diálogo. Uma relação financeira equilibrada depende muito de diálogo. É importante sempre conversar sobre dinheiro. Não espere o caldo “entornar”, ou seja, a formação de um conflito, para falar sobre a realidade financeira do casal. Quando esse assunto é esquecido pelas famílias, ele vem à tona em forma de brigas e discussões e podem até levar a separações.
4 Raiz do problema. Desequilíbrio financeiro está bastante associado a questões emocionais. A carência por algo leva muitas pessoas a consumirem mais que o orçamento permite. O consumo passa a ser usado como uma forma de conquistar o prazer. É preciso descobrir a raiz da doença financeira e tentar tratá-la.
5 Sonhos realizados. Muitos casais vivem frustrados por causa da frase “não podemos”. Quando um cônjuge acredita que o dinheiro da família não é suficiente para realizar sonhos, como viagens, trocar de casa, o parceiro que planeja fazer esse investimento se sente boicotado. Nesse momento, é hora da família perceber que só não podem realizar sonhos pessoas que gastam sem planejar.
6 Segredo é a simplicidade. Os casais precisam traçar seus objetivos e assim planejar de forma simples o uso do dinheiro.
7 Defina o que é relevante. A tendência consumista do mundo faz com que as famílias sejam influenciadas pelo mercado. É o comércio que decide o que é importante consumidor e isso atrapalha a interação dos casais. Toda família precisa decidir o que é realmente relevante fazer com o dinheiro.
8 Estabeleça objetivos. O casal deve estabelecer sonhos e objetivos em comum e também individuais para que toda a família trabalhe para que esses planos sejam realizados.
9 Responsabilidades divididas. Para que todos contribuam para o pagamento das contas e também para a economia de dinheiro, deve ser criado um método de divisão das despesas. O ideal é que a pessoa com o maior salário assuma a maior parte das despesas.
10 Orçamento. Todo o mês, o casal deve fazer um balanço da receita e dos gastos. É importante que também se compare a evolução mensal das despesas. O controle financeiro pode ser feito por meio eletrônico. Já existem aplicativos para celular, por exemplo, que ajudam na administração.
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